sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Modos Gregos : Modo Jônio ou Iônico

Para estreia do blog, vou começar uma série de matérias sobre modos gregos. Uma ferramenta muito útil para quem está começando a improvisar, mas, pouco compreendida. Vou tentar passar o conhecimento de forma bem informal. Muitos confundem as diferentes posições(digitações) da escala no braço do instrumento com modos, entretanto, essa abordagem não é a mais correta. As posições da escala e os modos são diferentes e veremos porque. Estaremos tratando de harmonia modal então algumas coisas ficarão diferentes da harmonia tonal. Os modos ou modos gregos naturais são caracterizados estudando seus intervalos de tom e semiton entre os graus e são classificados em maiores e menores, no final farei um resumo dos modos maiores e menores. Tomando por base a escala maior de Dó teremos:

NOMES
Mi
Sol
CIFRAS
C
D
E
F
G
A
B
GRAUS
I
ii
iii
IV
V
vi
VII

Preferi a escala de Dó, afim de evitar os acidentes sustenidos e bemóis, tornando o estudo mais compreensível.  Se pegarmos cada nota da escala, colocarmos ela como centro tonal da escala natural maior e ordenar a escala a partir dela, teremos diferentes intervalos em relação ao centro tonal dando os intervalos característicos de cada modo, bem como suas notas a serem evitadas em um improviso ou acorde. A escala natural maior ordenada da forma que conhecemos, já nos dá o primeiro modo que seria o modo Jônio/Iônico que é um modo maior já que contém um intervalo de terça maior. Aprendemos então que o modo jônio é equivalente a escala natural maior. Isto em qualquer tonalidade. Este fato se dá porque o modo Jônio é construindo sobre o Iº grau da escala, no exemplo C. Se eu pegar por exemplo a escala de D(ré) maior, terei um D jônio.  Partindo daí vamos recorrer novamente a escala maior natural de C e estudarmos seu intervalos.

CIFRAS
C
D
E
F
G
A
B
GRAUS
I
ii
iii
IV
V
vi
VII
INTERVALOS
Tônica (T) / oitava(8)
2ª maior(2) / 9ª maior(9M)
3ª menor(b3)
4ª justa(4) /
11ª justa (11J)
5ª justa(5)
6ª maior(6) /13ª maior(13M)
7ª maior (7M)

Então qualquer escala contendo esses intervalos são o modo jônio. O intervalo de 4 justa, neste caso o F, deve ser evitado na formação do acorde e usado somente como passagem no improviso(sem que se repouse sobre a nota), o intervalo de 2ª maior ou 9ª maior e 7ª maior, no caso as notas D e B respectivamente, são notas de dissonância. Para adquirirmos os acordes possíveis deste modo, empilhamos a escala partindo da tônica, terça, quinta e sétima.(C-E-G-B). Não devemos confundir as funções dos acordes com o da harmonia tonal, aqui eles só tem o mesmo nome. Uma das caracteriscas da harmonia modal e a não resolução no trítono com expectativa.

I
ii
iii
IV
V
vi
VII
C
D
E
F
G
A
B
E
F
G
A
B
C
D
G
A
B
C
D
E
F
B
C
D
E
F
G
A
C7M
Dm7
Em7
F7M
G7
Am7
Bm7(5b)

O acorde caracteristico do modo é o C7M(dó maior com 7 maior), generalizando em graus I7M. poderemos ainda ter as tensões 2ª maior ou 9ª, 6ª maior ou 13ª. Quero dizer com isto, que além da tétrade I7M, podemos ter : C7M(9), C7M(13), C7M(9/13); bem como as tríades: C, C9, C6, C6/9 dentre outras. Resumindo, tríades ou tétrades que não contenham o intervalo de quarta justa, no caso do exemplo a notá F(fá).
Então vocês me perguntaram: para que serve isto tudo? Para sabermos que sobre os tipos de acordes mencionados, sobre um baixo que fique pedal em C, ou uma progressão de acordes que caracterize o modo ou seja não tenha a resolução do trítono, podemos usar o modo jônio para improviso.
Então pergunto: Se temos uma base tocando um C7M e eu improvisar com o uso da escala natural maior de C teremos que modo? Exatamente o modo jônio.Este ponto é bem interessante e deve está bem claro, antes de passar adiante gostaria de enfatizá-lo.Se sobre está mesma base(Dó maior) eu tocar as notas D-E-F-G-A-B-C, que muitos chamariam de D dórico(já veremos), ou qualquer outra seqüência de notas da escala acima eu terei caracterizado o modo jônico. Porque? porque nossa base não mudou e nossas tensões também não, simples assim!! Usarei digitações diferentes da escala mas será os mesmos intervalos formados sobre a base(Dó maior) e as mesmas notas, portanto o mesmo modo. Devido a isto, disse que alguns chamam diferentes digitações da escala de modo jônio, modo lídio, modo mixolídio, mas não são! são apenas posições diferentes de digitar as notas da escala, porém não quer dizer que estamos trocando de modo, continuamos no mesmo modo, a não ser que mudamos algum intervalo e assim causarmos uma nova tensão.
Acrescentando sobre o modo jônio gostaria de dizer algumas pentatônicas que podemos utilizar no improviso para termos o sabor Jônico. O caminho das pedras está sempre no campo harmônico em questão, se tratando de C jônio, estamos no campo harmônico de dó maior, podemos utilizar as pentas maiores de C, F e G e suas respectivas penta menores Am, Dm, Em. Também pode utilizar a chamada penta meio-diminuta que parte do VII grau da escala e teria a formação em intervalos  T, b3, j4, 5b, 6 que no exemplo seriam as notas B-D-E-F-A. Outra pentatônica é a penta dominante que parte do V grau(Dominante) e é formada por T- 2M-b3-5J-b7, novamente no exemplo temos, G-A-B-D-F. Qualquer lick (frase) utilizando alguma dessas pentas sobre o acorde I7M teria o sabor Jônico.

Sobre uma progressão do tipo | C7M-F/C | , podemos utilizar todas as dicas acima citadas como a escala de C jônio e as pentas e obtemos um sabor Jônio.

Diagrama das digitações do modo jônio e seus intervalos partindo da corda 6.
Legenda:
T=Tônica, nota raiz.
2= 2ª maior
3M= 3ª maior
4 = 4ª justa
5= 5ª justa
6= 6ª justa
7M = 7ª maior


Na próxima matéria falarei sobre o modo dórico.
Espero ter ajudado e até a próxima.

Lean Blanh

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